sábado, 14 de setembro de 2013



Notas da prova de ESRS

Amauri                 7,1
Ananias               9,7          Excelente
Arnaldo                9,7          Excelente
Aroldo                  7,7
Artur                    6,9
Carivaldo              8,8
Claudionor            8,5
Dilson                  8,5
Edson                  8,6
Euclides               9,5          Excelente
Geasy                 10,0       Parabéns
Germano               7,6
Gimis                   9,0          Excelente
Itamar                   6,1
João Azeredo        8,8
João Luiz              8,7
José Angelo         10,0       Parabéns
José da Silva        6,7
José Oliveira         5,1
Luis                     5,9
Manoelito            8,2
Mauricio Lima      9,6          Excelente
Mauricio  Oliv       9,3          Excelente
Nei                      9,6          Excelente
Paulo                  9,5          Excelente
Pedro                  9,0          Excelente
Raimundo           5,0
Ravenal              5,2
Valtecir               9,6          Excelente
William               9,3          Excelente

Parabéns para todos e muito sucesso!

Abraços,

Sergio Batista

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Amigos do ESRS:

Por questão de tempo, não pude postar as notas hoje. Por favor, acessem a partir de amanhã, após as 10h.

Obrigado pela compreensão!

Abraços,

Sergio

quarta-feira, 28 de agosto de 2013



      

                                                    Teste de Português - 3º bimestre

                                                  1001                       1002
                    2 -             5,3                 1 -         6,5
                    4 –            4,9                 2 -         5,0
                    5 -             5,8                 3 -         5,6
                    6 -             4,9                 4 -          
                    7 -             5,6                 5 –        5,0
                    8 -             4,2                 6 -
                    9 –                                   7 -         5,0
                   10 -            4,2                 8 -         3,1         
                   11 –           4,9                 9 -         3,8
                   14 -                                 10 –       5,0
                   15 -            3,5                11 -        4,5
                   17 -            4,9                12 –       5,2
                   18 -            5,5                13 –       5,6
                   19 -            3,8                14 -        2,5
                   20 -            4,9                15 –       4,1
                   21 –           4,5                16 -        3,8
                   23 -            4,5                17 -        5,2
                   26 -            5,6                18 -        4,2
                   27 -            5,5                19 -        4,5
                   28 -            5,6                20 -        5,6
                   29 -            4,2                21 -        4,9
                   30 -            3,8                22 -        5,6
                                               

domingo, 1 de abril de 2012

Notas da prova de Redação

Turma 901

Bruno 5
Christian 8
David 5
Diogo 5
Eduardo 5
Gabriel 5
Gabrielle 5
Gilberto 8
Gustavo 6,5
Izabella 7
João Pedro 9
Julia 7
Julio 7
Larissa 6
Lethicia 10
Letícia 10
Lucas 5
Marcella 8,5
Marcelo M 8
Marcelo V 8
Marcus 5
Maria Luiza 9
Mariana S 9
Mariana P 5
Milena
Patrick 10
Raíza 10
Raphael 8
Rayanne F 7
Rayanne R 9
Renan 5
Renato 5
Rhaissa 5
Thayná 9
Yuri 8


Turma 902

Alessandro 5
Alexandre 5
Ana Beatriz 8
Ana Clara 7
Aryani 6,5
Beatriz F 7
Beatriz X 5
Camila 7
Carine 7
Carolina 5
Eduardo C 10
Eduardo L 6,5
Hebert 5
Igor 8
Jean 5,5
Jeorge 5
João Pedro 8
Juliana 7
Letícia 9
Lucas A 8
Lucas S 5
Marcos 5,5
Maria A 6,5
Mateus A 10
Mateus L 5
Matheus 5
Miguel 5
Natália 5
Raiany 10
Richard 5
Tayná 5
Thamires 6,5
Thaynara 7
Thiago 9

Abraços a todos!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O idioma, vivo ou morto?

O grande problema da língua pátria é que ela é viva e se renova a cada dia. Problema não para a própria língua, mas para os puristas, aqueles que fiscalizam o uso e o desuso do idioma. Quando Chico Buarque de Hollanda criou na letra de "Pedro Pedreiro" o neologismo "penseiro", teve gente que chiou. Afinal, que palavra é essa? Não demorou muito, o Aurélio definiu a nova palavra no seu dicionário. Isso mostra o vigor da língua portuguesa. Nas próximas edições dos melhores dicionários, não duvidem: provavelmente virá pelo menos uma definição para a expressão "segura o tcham". Enfim, as gírias e expressões populares, por mais erradas ou absurdas que possam parecer, ajudam a manter a atualidade dos idiomas que se prezam.
O papel de renovar e atualizar a língua cabe muito mais aos poetas e ao povo do que propriamente aos gramáticos e dicionaristas de plantão. Nesse sentido, é no mínimo um absurdo ficar patrulhando os criadores. Claro que os erros devem ser denunciados. Mas há uma diferença entre o "erro" propriamente dito e a renovação. O poeta é, portanto, aquele que provoca as grandes mudanças na língua.
Pena que o Brasil seja um país de analfabetos. E deve-se entender como tal não apenas aqueles 60 milhões de "desletrados" que o censo identifica, mas também aqueles que, mesmo sabendo o abecedário, raramente fazem uso desse conhecimento. Por isso, é comum ver nas placas a expressão "vende-se à praso", em vez de "vende-se a prazo"; ou "meio-dia e meio", em vez de - como é mesmo?
O português de Portugal nunca será como o nosso. No Brasil, o idioma foi enriquecido por expressões de origem indígena e pelas contribuições dos negros, europeus e orientais que para cá vieram. Mesmo que documentalmente se utilize a mesma língua, no dia-a-dia o idioma falado aqui nunca será completamente igual ao que se fala em Angola ou Macau, por exemplo.
Voltando à questão inicial, não é só o cidadão comum que atenta contra a língua pátria. Os intelectuais também o fazem, por querer ou por mera ignorância. E também nós outros, jornalistas, afinal, herrar é um, ops, umano!

SANTOS, Jorge Fernando dos. "Estado de Minas", Belo Horizonte

1 - Em todas as seguintes passagens, o autor deixa transparecer ideias que ele mesmo considera puristas, EXCETO em:

a) Claro que os erros devem ser denunciados. Mas há uma diferença entre o "erro" propriamente dito e a renovação.
b) ... não é só o cidadão comum que atenta contra a língua pátria.
c) Nesse sentido, é no mínimo um absurdo ficar patrulhando os criadores.
d) Pena que o Brasil seja um país de analfabetos. [...] Por isso, é comum ver nas placas a expressão "vende-se à praso"...
(e) O papel de renovar e atualizar a língua cabe muito mais aos poetas e ao povo...



2 - Assinale a alternativa em que o autor, ao defender o dinamismo da língua, incorre em uma contradição.

a) Não demorou muito, o Aurélio definiu a nova palavra no seu dicionário.
b) Enfim, as gírias e expressões populares [...] ajudam a manter a atualidade dos idiomas...
c) O papel de renovar e atualizar a língua cabe muito mais aos poetas e ao povo...
d) O poeta é, portanto, aquele que provoca as grandes mudanças na língua.
(e) Pena que o Brasil seja um país de analfabetos.

3) De acordo com o texto, é CORRETO afirmar que

a) a língua não oprime os artistas quando os submete à vontade do Estado.
b) os artistas revelam o caráter transitório da norma culta ao infringirem-na.
c) os escritores contrariam as regras gramaticais porque as desconhecem.
d) os gramáticos impõem normas para os artistas não as transgredirem.
(e) os poetas ligam-se às regras para fazer a sua arte.

4) “O grande problema da língua pátria é que ela é viva...”. Neste fragmento, é correto afirmar:

(a) é viva porque causa problemas;
(b) os problemas ocorrem porque ela é viva;
(c) é viva, assim como os problemas;
(d) a língua da pátria e os problemas são vivos;
(e) a pátria é viva, assim como a língua.

5) “Pena que o Brasil seja um país de analfabetos.”

O termo destacado tem o valor semântico de:

(a) dúvida;
(b) satisfação;
(c) ironia;
(d) constatação;
(e) confirmação.

Texto 2

Leia o texto com atenção e responda às questões de 1 a 5:

Mercado do desespero

Escolho a Índia, país maravilhoso, todavia poderia escolher vários outros para trazer brevemente um dos problemas mais sérios da atualidade.
Falo do crescente comércio de órgãos humanos de doadores vivos que domina a cena global. O encontro entre carências e demandas vitais: no mercado. De um lado compradores, desesperados por sobreviver a doenças. De outro, vendedores desesperados por sobreviver à miséria. E uma organização no meio deles, anunciando o milagre, arregimentando fragilidades, negociando a mercadoria, viabilizando cirurgias, corrompendo consciências e controles, alimentando redes via internet. De longe, governos minimizando ou negando que a barbaridade floresça em suas respectivas ilhas de tranquilidade e exceção.
Apesar da legislação, a Índia é o país de onde mais saem órgãos humanos para o exterior, em sua maioria, já devidamente instalados no corpo dos estrangeiros. A Organização Mundial de saúde denuncia a prática, que envolve milhares de pessoas convencidas a vender rins ou córneas. Estudo recente mostrou a deterioração da saúde de 86% dos doadores indianos. Facilitam alguns valores culturais e a dominação masculina, levando a que mais de 70% dos doadores sejam mulheres. Muitas aceitam encenar casamentos com doentes, que as remuneram após conseguir o órgão, desfazendo a combinação em seguida. Vendem seus órgãos para pagar dívidas da família, para obter recursos para os estudos de um filho, para o dote da filha. Não parece história de novela?
Mas já em 2004 a Organização Mundial de Saúde reconhecia ser tragédia do mundo real e recomendava aos estados-membros que promovessem medidas urgentes para proteger seus pobres e vulneráveis do “turismo do transplante”, dando a atenção devida ao tráfico internacional de órgãos.
Em 2008 também o Papa exigiu ética em doações e transplantes e providências contra o que chamou de “abominável” tráfico humano.


Elizabeth Sussekind, O Dia, 09.02.2009

1) No começo do texto, a autora diz ter escolhido a Índia para ratar do problema do comércio de órgão humanos. Tal escolha, segundo o primeiro parágrafo, se deve ao fato da Índia:

(a) por ser um país maravilhoso, deveria ser uma ilha de tranquilidade e exceção;
(b) vive em situação mais miserável que os demais países;
(c) é o maior fornecedor de órgãos humanos de doadores vivos.
(d) possui uma organização mais atuante que outros países pobres.
(e) é simplesmente um, entre vários países, que exemplifica o problema tratado.


2) O “desespero” a que faz alusão o título abrange:

(a) doadores e compradores;
(b) doadores, compradores e organizadores;
(c) doadores, compradores, organizadores e governos;
(d) organizadores e governos;
(e) somente compradores.

3) A autora utiliza, em vários momentos, a conotação. Assinale a alternativa que comprova esta afirmação:

(a) “...anunciando o milagre...”
(b) “...negociando a mercadoria...”
(c) “...viabilizando cirurgias...”
(d) “...arregimentando fragilidades...”
(e) “...corrompendo consciências e controles.”




4) “De longe, governos minimizando ou negando que a barbaridade floresça em suas respectivas ilhas de tranquilidade e exceção.” Segundo este segmento, os governos referidos pautam sua atuação na:

(a) falsidade ideológica; d) desonestidade comercial;
(b) hipocrisia política; (e) segurança policial.
(c) discriminação racial;

5) “Apesar da legislação, a Índia é o país de onde mais saem órgãos humanos.”
Marque a alternativa em que a forma de reescrever altera o sentido original da frase acima.

(a) A Índia é o país de onde mais saem órgãos humanos, a despeito da legislação.
(b) A Índia, apesar da legislação, é o país de onde mais saem órgãos humanos.
(c) O país de onde órgãos humanos mais saem, apesar da legislação, é a Índia.
(d) O país de onde mais saem órgãos humanos, apesar da legislação, é a Índia.
(e) A Índia, a despeito da legislação, é o país de onde mais saem órgãos humanos.

Texto 3

Leia o texto abaixo e responda às questões de 01 a 05

Luto da família Silva

A Assistência foi chamada. Veio tinindo.. Um homem estava deitado na calçada. Uma poça de sangue. A Assistência voltou vazia. O homem estava morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos "Fatos Diversos" do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito: João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.
João da Silva - Nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. Você não possuía sangue azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho - vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para os homens importantes. A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mato, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telhas de barro, laça os bois, levanta os prédios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família é feito Maria Polaca: FAZ TUDO.
Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de subir na política...

BRAGA, Rubem. "Luto da família Silva." Apud: Para gostar de ler. São Paulo: Ática






01 - A leitura do texto permite afirmar que o autor:

a) quis desqualificar as famílias não importantes, como a Silva.
b) pretendeu enaltecer a tradição de famílias importantes na história brasileira.
c) explicitou a submissão dos países da América do Sul aos da América do Norte.
d) propôs uma reflexão sobre diferenças sociais, sugeridas também pelos nomes de família.
e) enfatizou a importância de se melhorarem os Silva para entrarem na política.

02 - No texto, a expressão "vermelhinho da silva" traduz a ideia de:

a) intensidade.
b) carinho.
c) pequenez.
d) ironia.
e) desprezo.

03 - O texto estrutura-se na oposição entre os Silva e as demais famílias. Essa relação revela-se em;

a) "vai mal em política" e "há de subir na política".
b) "em todo lugar onde se trabalha" e "a gente de nossa família trabalha nas plantações de mate".
c) "vermelhinho da silva" e "sangue azul".
d) "vala comum da miséria" e "vala comum da glória".
e) "vermelho" e "vermelhinho da silva".

04 - A oração "faz tudo", em destaque no texto, assume a função de

a) resumir e comentar informações anteriores.
b) retomar e sintetizar informações anteriores.
c) expandir e explicar informações anteriores.
d) explicar e comentar informações anteriores,
e) retomar e explicar informações anteriores.

05 - A repetição da palavra família justifica-se:

(a) para citar todas as famílias do mundo.
(b) para citar as famílias que pela dele são sustentadas.
(c) para informar que as famílias não são importantes
(d) para informar um possível erro
(e) por ser ele de uma destas famílias.

06 - O tema central do texto é:

(a) mostrar sua família;
(b) mostrar que trabalha para várias famílias;
(c) mostrar a condição social de sua família;
(d) mostrar a condição social das outras famílias;
(d) descrever as famílias.
Uma vela para Dario


Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque.
Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca.
Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado dele.
Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do táxi estacionado na esquina. Já tinha introduzido no carro metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele morresse na viagem? A turba concordou em chamar a ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à parede - não tinha os sapatos e o alfinete de pérola na gravata.

Dalton Trevisan

1) Depois que você leu o texto, não é difícil identificar sua temática:

a) solidariedade com os dramas alheios;
b) hipocrisia sentimental, falso pesar em face da desgraça alheia;
c) crítica ao atendimento médico nas grandes cidades;
d) participação de todos quando a cidade é pequena e provinciana;
e) a pressa nas grandes cidades, que leva ao cansaço e à morte.



2) "Já tinham introduzido no carro a metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele morresse na viagem?"

O protesto do motorista revela:

a) egoísmo de quem não quer "dor-de-cabeça";
b) piedade de quem se sente solidário;
c) precaução de quem tem experiência;
d) cuidado de quem sugere o transporte de ambulância;
e) bom-senso de quem espera a presença da polícia.



3) "Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ATAQUE." A palavra em destaque pode ser substituída por:

a) pneumonia;
b) epilepsia;
c) dispnéia;
d) hemofilia;
e) erisipela.

4) De maneira indireta, o autor nos sugere cenas de:

a) piedade cristã;
b) respeito humano;
c) vandalismo coletivo;
d) fria e macabra rapinagem;
e) experiência e trabalho sociais;
A estranha passageira


- O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de voo - e riu nervosinha, coitada.
Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial que eu comprara no aeroporto, para me distrair na viagem. Suspirei e fiz de educado respondendo que estava às suas ordens.
Madama entrou no avião sobraçando um monte de embrulhos, que segurava desajeitadamente. Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona e arrumar todos aqueles pacotes. Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive de realizar essa operação em sua farta cintura.
Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço antes as perguntas que aquela senhora me fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi ficando ridícula:
- Para que esse saquinho aí? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.
- É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.
Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:
- Uai ...as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro? Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar o lamentável equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas ela era um azougue ( embora com tantas carnes parecesse mais um açougue) e não parava de badalar. Olhava para trás, olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos por todos os lados
O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:
- Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só pra ela?
Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência, isto é, em caso de necessidade, saía-se por ela.
Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o término do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir jornais, revistas ou se acomodarem para tirar uma pestana durante a viagem.
Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para ficar do lado da janelinha para ver a paisagem) e gritou:
- Puxa vida !!!
Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse:
- Olha lá embaixo.
Eu olhei. E ela acrescentou: - Como nós estamos voando alto, moço.
Olha só ... o pessoal lá embaixo parece formiga.
Suspirei e lasquei:
- Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou voo.

(Livro dos transportes. Ministério dos transportes, SD, Rio de Janeiro,1970)


Exercícios

1. “ É a primeira vez que viajo de avião.” Esta afirmação iria se comprovar durante toda a crônica, tais os “vexames” dados pela senhora. Assinale a frase que não demonstre um deles:

a) “Para que esse saquinho aí?”
b) “No avião não tem banheiro?”
c) “Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só pra ela?”
d) “Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona...”
e) “...mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás...”

2. “ Suspirei e fiz de educado respondendo que estava às suas ordens.”( linhas 5 e 6). Os suspiros demonstram nesta passagem:

a) resignação;
b) contrariedade;
c) arrependimento;
d) aborrecimento;
e) raiva.

3. No título da crônica, a passageira é chamada de “estranha”. Outras qualificações podem ser dadas a ela
depois que lemos integralmente a crônica. Assinale a que não lhe corresponde:

a) inexperiente;
b) envergonhado;
c) incômoda;
d) embaraçante;
e) ridícula.

4. “Madama entrou no avião sobraçando um monte de embrulhos... “(linha 7). Com o verbo “sobraçar” o autor- narrador quer dizer que a madama:

a) levava mais embrulhos do que era possível;
b) levava embrulhos de baixo do braço;
c) carregava um monte de embrulhos que eram abraçados por ela;
d) trazia um monte de embrulhos que eram abraçados por ela;
e) trazia a quantidade de embrulhos que era possível levar nas mãos.

5. “...minha vizinha apertava os olhos e lia qualquer coisa. ”(linhas 28 e 29). Com a expressão “apertar os olhos” o narrador quer dizer-nos que a senhora:

a) não enxergava direito;
b) não sabia ler;
c) estava com sono;
d) que a porta de emergência estava longe de onde estavam sentados;
e) que sentia dores nos olhos.

Textos para estudos

O Valente


Chegou a cidadezinha de Pedras Altas numa chuva antiga. Em boa sela e melhor estribo veio ele. Falava pelo canto da boca – do outro lado da brasa do seu charuto espiava o mundo. No Hotel Chic, tirando uma pesada e alentada garrucha, deu nome e patente:
- Sou o Capitão Quirino Dias.
Mandou que arrumassem o seu baú de viagem dentro do maior cuidado:
É tudo munição, coisa de muita responsabilidade.
A cidadezinha de Pedras Altas viu logo que estava diante de um pistoleiro de marca. E isso ganhou raiz quando um tropeiro, indo ao Hotel Chic levar a encomenda de boca, espalhou que o sujeitão do charuto era um perseguido da Justiça, que matava pelo gosto de ver de que lado o cristão caía:
- Vou simbora, que esse capitão é o capeta.
E foi. Atrás da poeira do tropeiro a fama de Quirino Dias cresceu. No Hotel Chic o melhor prato era pra seu dente, o melhor doce era para sua língua. De tarde, em cadeira da palhinha, o capitão montava a sua pessoa na porta da rua. Pedras Altas passava por ele de cabeça baixa, acanhada, fazendo questão de saudar o pistoleiro. E no dia em que bebeu cachaça, com pólvora, na vista de todo o Hotel Chic, então não teve mais tamanho a sua fama. Bebeu e disse:
- Tenho trabalho longe. Só volto na semana entrante.
No quarto, remexeu o baú, limpou a garrucha e sumiu nas pastas de seu Brasino. O povo comentou:
- É viagem de tocaia.
Foi e voltou dentro do tempo estipulado. De novo montou seu charuto na porta do Hotel Chic. Com o rolar dos dias, o capitão ficou mais exigente. Uma tarde, como não apreciasse o canto choco de certo galo-capão, foi ao quarto, mexeu no baú e despejou dois tiros no infeliz. Fez o mesmo com um bem-te-vi que gozava as suas tardes fagueiras em galho de jaqueira. Desde essa precisa hora em diante, toda vez que o capitão ameaçava recorrer ao baú, Pedras Altas tremia:
- Capitão, não faça isso, capitão tenha dó.
A bem dizer, a cidadezinha era dele. Seus pedidos de dinheiro corriam nas pernas dos moleques de leva-e-traz. E era quem mais queria municiar o capitão, no medo de que fosse ao baú. Ele mesmo dizia pelo canto desocupado da boca:
- Não abro aquela peça sem ganho.
Aconteceu, então, o caso da onça. A notícia veio ligeira e ligeira arou no Hotel Chic. A pintada fazia e acontecia, comia bezerro com casco e tudo. O recadeiro mediu o tamanhão da bichona:
- É de porte alentado, para mais de duzentas arrobas.
Pedras Altas riu da onça, da desgraça da onça. Tanto pasto para vadiar e logo onde veio a pobre tirar carta de brabeza! Em Pedras Altas do Capitão Quirino Dias! Pepito Rosa, dono de um comercinho de cachaça, riu da pouca sorte da onça:
- Vai ser azarada assim na casa dos capetas.
Uma embaixada de coronéis, com todos os seus pertences, na mesma tarde foi pedir a Quirino Dias providências contra a onça. Logo na abertura da conversa, o capitão arregalou os olhos e gritou:
- Onça? Está dando onça em Pedras Altas? Socorro! Quero lá saber disso!
E a cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. Nem teve tempo de levar o baú, uma peça de folha onde o capitão guardava suas bugigangas – pentes, rendinhas, frascos de cheiro, alfinetes e águas de moça. Quirino Dias era caixeiro viajante.

(Crônicas exemplares. Edições de Ouro, Rio de Janeiro, 1976)
1. O personagem foi reconhecido por valentão por várias razões. Assinale a exceção:

a) pelo jeito de falar pelo canto da boca;
b) pela presença da garrucha “ pesada e alentada”;
c) pelo fato de fumar charuto cuja brasa “espiava o mundo”;
d) pela carga que levava: munição;
e) pela atitude de comando.

2. Assinale a afirmativa que não está de acordo com a seguinte frase: “ Vou simbora, que esse capitão é o capeta.”

a) É afirmação do tropeiro, assustado pela fama de valente do Capitão Quirino Dias.
b) Mostra certa falta de cultura por parte do tropeiro, já que comete erros de português.
c) Deveria ser substituída por: “Vou-me embora, que esse capitão é o capeta.”
d) O capeta foi considerado como símbolo de poder e maldade.
e) O tropeiro pensou que o Capitão estava possuído pelo demônio.

3. “ Pedras Altas passava por ele de cabeça baixa...” “ Nesta frase você pode notar um processo muito comum na linguagem literária. O Autor usa o nome da cidade em lugar de dizer, por exemplo, “ as pessoas da cidade”. Em outras palavras, ele emprega “ o todo” ( a cidade) pela “parte” (somente as pessoas da cidade). Este mesmo processo não se encontra em que frase abaixo?

a) “... na vista de todo o Hotel Chic...”
b) “... a brasa do seu charuto espiava o mundo.”
c) “... era um perseguido da Justiça.”
d) “ no Hotel Chic o melhor prato era para seu dente...”
e) “ Pedras Altas riu da onça, da desgraça da onça...”

4. Do mesmo modo, o Autor pode usar a “parte” em lugar do “todo”, processo igualmente utilizado em linguagem literária. Assinale a frase abaixo em que não se vê esse processo:

a) “Em boa sela e melhor estribo veio ele”.
b) “Falava pelo canto da boca”.
c) “... a brasa do seu charuto espiava o mundo”.
d) “No Hotel Chic o melhor prato era para o seu dente...”
e) “De novo montou seu charuto na porta do Hotel Chic”.

5. Qual a finalidade do episódio da onça?

a) mostrar que o Capitão Quirino Dias tinha medo de animais selvagens;
b) indicar que o local onde se desenrolou a estória era no interior do Brasil;
c) provar que o Capitão Quirino Dias era caixeiro-viajante;
d) comprovar a desconfiança dos coronéis de que o Capitão não era quem dizia ser;
e) demonstrar que o Capitão não era valente.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Questão nº 8

Meninos e meninas, a questão nº 8 está sem as palavras destacadas. São elas:

informar - vazante - informaré

Abraços,

Redação

Redação

Meninos e meninas, não se esqueçam de fazer as comparações entre os protagonistas do filme Meninas com a do livro Um sonho dentro de mim. Será a base da prova.

Abraços,

Sergio

Exercícios

Os exercícios abaixo servirão de base para nossa prova de Português. Façam e refaçam, buscando o fundamento, as regras.

Processos de Formação de Palavras - Exercícios

1. Considerando o processo de formação de palavras, relacione a segunda coluna com a primeira:

1) derivação imprópria ( ) desencanto
2) prefixação ( ) narrador
3) prefixação e sufixação ( ) o andar
4) sufixação ( ) infinitamente
5) composição por justaposição ( ) pão-de-mel

Assinale a alternativa que contenha a numeração em sequência correta:

a) 2, 4, 3, 5, 1
b) 4, 1, 5, 2, 3
c) 3, 4, 2, 1, 5
d) 2, 4, 1, 3, 5
e) 4, 1, 5, 3, 2

2. Assinale a única opção constituída por palavras formadas apenas por sufixação:

a) agulha, diplomata, costureira
b) silencioso, insuportável, saleta
c) ordinário, orgulhoso, caminho
d) costureira, desprezo, saleta
e) transformar, pedregoso, saideira.

3. As palavras expatriar, amoral e aguardente são formadas por:

a) derivação parassintética - prefixal – composição por aglutinação
b) derivação sufixal- prefixal- composição por aglutinação
c) derivação prefixal- prefixal- composição por justaposição
d) derivação parassintética- sufixal- composição por aglutinação
e) derivação prefixal- prefixal- composição por justaposição

4. Pertence à área semântica de chuva a palavra:

a) pluvial
b) fulvo
c) cúpido
d) plúmbeo
e) fluvial

5. Assinale o par de vocábulos cujos prefixos apresentam significação equivalente a dos elementos iniciais de impessoal e predeterminado:

a) amoral – epidérmico
b) antiaéreo – hipertenso
c) disforme – ultrapassado
d) contraindicado – transatlântico
e) desumano – antediluviano

6. Assinale a alternativa em que a primeira palavra apresenta sufixo formador de advérbio e, a segunda, sufixo formador de substantivo:

a) perfeitamente - varrendo
b) provavelmente - erro
c) lentamente - explicação
d) atrevimento - ignorância
e) proveniente - furtado

7. “- Mas se eu inventei, como é que não existe?”
Segundo se deduz da fala espantada do amigo do narrador, a língua, para ele, era um código aberto,

a) ao qual se incorporam palavras fixadas no uso popular.
b) a ser enriquecido pela criação de gírias.
c) pronto para incorporar estrangeirismos.
d) que se amplia graças à tradução de termos científicos.
e) a ser enriquecido com contribuições pessoais.

Leia o texto com atenção e responda às questões 8, 9 e 10.

Pela Internet

Composição: Gilberto Gil

Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleja ...(2x)
Que veleje nesse informar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut de acessar
O chefe da Mac Milícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus para atacar os programas no Japão
Eu quero entrar na rede para contatar
Os lares do Nepal,os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar...

Quanta, EMI-ODEOM, 2002

8) “Que veleje nesse informar
Que aproveite a vazante da infomaré.”

O processo de formação das palavras destacadas é, respectivamente:

a) sufixal, sufixal e sufixal.
b) prefixal, sufixal e neologismo;
c) neologismo, sufixal e neologismo;
d) prefixal, sufixal e sufixal;
e) prefixal, prefixal e sufixal.

9) Na primeira estrofe, as palavras que indicam estrangeirismos, hibridismos e derivação sufixal são, respectivamente:

a) web, gigabytes, jangada;
b) site, home-page e veleja;
c) home-page, gigabytes e jangada;
d) web, home-page, jangada,
e) site, gigabytes, veleja.

10) De acordo com o texto, as expressões Helsinque, Connecticut e Gabão, significam:

a) lugar, lugar, lugar.
b) lugar, tipo de conexão, jogo;
c) programa, programa, jogo;
d) jogo, tipo de conexão e lugar;
e) programa, programa, programa.


Para ajudar no entendimento, vejam no You Tube o clipe da música. Acessem: Gilberto Gil - Pela Iternet e curtam a melodia.

Boa Sorte!

Proposta da redação

Os textos abaixo servirão de base para sua redação. Leia-os com atenção e produza um texto dissertativo em prosa, com no máximo 25 linhas.

Texto 1

Os poetas fazem do sonho sua moradia. Para os românticos, é a grande viagem, onde tudo se realiza e a felicidade é eterna. Os materialistas transformam-no em algo digno dos tolos e os insensatos dizem que ele serve apenas como fuga da realidade. Os ingênuos dele não saem, vivem no mundo da lua, e os desiludidos preferem não tê-lo mais, pondo-lhe a culpa por seus fracassos.
Não importa o que o sonho representa ou deixa de representar. Ele existe em todos nós e somos nós, ninguém mais, quem lhe dá razão ou não, quem acredita ou não, quem o realiza ou não, a entendê-lo ou não, transformando-o naquilo que queremos que seja.
Aí você escolhe a qual categoria quer pertencer...

Texto 2
Sonho Sonhado
Sonhei
Que estava sonhando um sonho sonhado
O sonho de um sonho
Magnetizado
As mentes abertas
Sem bicos calados
Juventude alerta
Os seres alados
Sonho meu
Eu sonhava que sonhava (bis)
Sonhei
Que eu era um rei que reinava como um ser comum
Era um por milhares, milhares por um
Como livres raios riscando os espaços
Transando o universo
Limpando os mormaços
Ai de mim
Ai de mim que mal sonhava (bis)
Na limpidez do espelho só vi coisas limpas
Como uma Lua redonda brilhando nas grimpas
Um sorriso sem fúria, entre o réu e o juiz
A clemência, a ternura
Por amor da clausura
A prisão sem tortura
Inocência feliz
Ai meu Deus
Falso sonho que eu sonhava
Ai de mim
Eu sonhei que não sonhava
Mas sonhei...
Samba Enredo da Vila Isabel, Carnaval de 1980.


A proposta e fazer vocês entenderem a ideia de cada texto, escolher uma delas e produzir sobre o que perceberam.

Treinem em casa!

Boa Sorte!

OBS.: Não pude ir à aula hoje, 30/04, porque estava com piriri.

Abraços,

Sergio

terça-feira, 6 de abril de 2010

Intertextualidade

Meninos e meninas:

Estudem os textos abaixo e identifiquem os pontos comuns, a linguagem utilizada, onde um completa o outro e se ambos tratam do mesmo assunto.

Abraços

Sergio


Por Você

Barão Vermelho

Por Você
Eu dançaria tango no teto
Eu limparia
Os trilhos do metrô
Eu iria a pé
Do Rio à Salvador...
Eu aceitaria
A vida como ela é
Viajaria a prazo
Pro inferno
Eu tomaria banho gelado
No inverno...
Por Você!
Eu deixaria de beber
Por Você!
Eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia
Pra virar burguês...
Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher...
Por Você!
Conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu
De vermelho
Eu teria mais herdeiros
Que um coelho..


Epitáfio

Titãs

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

terça-feira, 30 de março de 2010

Meninos e Meninas:

Nosso próximo livro paradidático chama-se "Um sonho dentro de mim", de Julio Emílio Bras. É uma história bem interessanre e vocês gostarão bastante. Iniciando as oficinas de leitura, interpretação e produção, vocês devem produzir texto dissertativo sobre o tema: A responsabilidade vem com a idade ou é uma consequência?
Para fazê-lo:
- Utilizar a norma culta;
- Observar as regras de coesão e coerência;
- Não rasurar;
- Ter um título criativo;
- Escrever no máximo 25 linhas.

Boa Sorte!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Pregação ou Infração?

Tenho o costume de viajar de trem porque o considero um meio de transporte rápido e eficaz, apesar de pegar de vez em quando umas sucatas que sacolejam tanto que mal dá para ler ou tirar uma soneca.
Numa destas manhãs de outono, estou eu indo para Bangu, onde trabalho. Como de sempre embarquei no trem das 6h, cujo horário é o ideal, pois chego sempre com uns minutos de antecedência. Desço correndo as escadas da estação, um tanto atrasado, e sem perceber entro no vagão destinado às mulheres. Já faz um bom tempo que os homens não respeitam mais este privilégio feminino (e bem dado!) e ficam ali, tranquilos, como se nada estivesse acontecendo.
Não percebi ao entrar, somente depois que as portas estavam fechadas, que ali ocorria um culto evangélico. O pastor chamava-se Ari Coutinho e sei disso porque ele fazia questão de dizer seu nome. Sua pregação chamou-me a atenção, não pelo conteúdo, mas pelo tom de voz. Era jovem, uns trinta anos, voz aguda, mas firme e demonstrava conhecimento sobre as escrituras bíblicas, citando versículos para cada passagem de sua vida que contava. E como era disposto! Falava rápido e alto, puxando muito ar. Suas veias do pescoço destacavam-se pela cor vermelha e pelo tanto que levantavam a pele. Em determinados momentos perecia em êxtase, em transe. As pessoas que o rodeavam, uma por gostarem, outras por quererem ouvir a palavras e outros, como eu, por mero acidente, procuravam resignarem-se.
Porém, o que chamou minha atenção foi um de seus depoimentos pessoais, uma fala sua que não deveria ser dita, pois contradisse tudo o que estava pregando:
- Eu era um pecador e um infrator. Hoje não peco nem infrinjo mais. Agora sou um homem de Deus!
Eis aí o paradoxo.
Ora, desde 2009 que estão proibidas por lei quaisquer manifestações religiosas, justamente por causa dos excessos cometidos por certos grupos que resolveram transformar os vagões em extensão de suas igrejas. E a Supervia espalhou cartazes bem legíveis em todos os lugares com o número da lei, seu conteúdo e as penalidades para quem a infringe. Será que ele não viu?
O vagão é para as mulheres e há um cartaz próximo à entrada de cada porta, rosa, bem grande, informando os horários destinados para este fim. E também foi criado por lei estadual! Será que também não viu ou é mais fácil amealhar as mentes femininas e as dos mais humildes?
Também creio que ele não percebeu que estava infringindo o direito daquelas pessoas que fazem dos bancos do trem um pedaço de suas camas, pois acordam muito cedo e aquela horinha de sono é providencial. Quem consegue pregar os olhos com tanta gritaria?
Os leitores (e aí entro eu) também se sentem incomodados com o burburinho, com aquela martelação na cabeça que nos impede de concentrar. Não dá para ler o jornal, quanto mais o livro, por mais que nos esforcemos. Parece um punhal entrando em nossos ouvidos. Esta infração ele não percebe que está cometendo, mesmo vendo que em sua volta há várias pessoas nesta situação.
E assim chega a estação que descerei. O pastor segue sem cometer nenhuma infração e resolvo escrever sobre esta hipocrisia de considerar que o erro é sempre o outro que comete. Ele deve pensar que tem o aval de Deus para fazer o que quer, como quer e no lugar que quiser. E os outros?
- Ah! Os outros são os outros.

Sergio Batista da Silva, Minhas Crônicas, 2010.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Terapia do Elogio

Renomados terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram uma recente
pesquisa onde nota-se que os membros das famílias brasileiras estão cada
vez mais frios, não existe mais carinho, não valorizam mais as qualidades,
só se ouvem críticas. As pessoas estão cada vez mais intolerantes e se
desgastam valorizando os defeitos dos outros. Por isso, os relacionamentos
de hoje não duram.
A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias de média e
alta renda. Não vemos mais homens elogiando suas mulheres ou vice-versa,
não vemos chefes elogiando o trabalho de seus subordinados, não vemos mais
pais e filhos se elogiando, amigos, etc.
Só vemos pessoas fúteis valorizando artistas, cantores, pessoas que usam a
imagem para ganhar dinheiro e que, por conseqüência são pessoas que tem a
obrigação de cuidar do corpo, do rosto.
Essa ausência de elogio tem afetado muito as famílias. A falta de diálogo
em seus lares, o excesso de orgulho impede que as pessoas digam o que
sentem e levam essa carência para dentro dos consultórios. Acabam com seus
casamentos, acabam procurando em outras pessoas o que não conseguem dentro
de casa. Buscam relações fúteis fora de casa para suprir a incapacidade de serem melhores dentro da família.
Vamos começar a valorizar nossas famílias, amigos, alunos,subordinados. Vamos
elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza de nossos
parceiros ou nossas parceiras, o comportamento de nossos filhos.
Vamos observar o que as pessoas gostam. O bom profissional gosta de ser
reconhecido, o bom filho gosta de ser reconhecido, o bom pai ou a boa mãe
gostam de ser reconhecidos, o bom amigo, a boa dona de casa, a mulher que
se cuida, o homem que se cuida, enfim vivemos numa sociedade em que um
precisa do outro, é impossível um homem viver sozinho, e os elogios são a
motivação na vida de qualquer pessoa.
Quantas pessoas você poderá fazer feliz hoje elogiando de alguma forma?